Nada a temer

Acabei de ler o livro  Nada a temer , de Julian Barnes, e, como sempre, o autor não me desiludiu. O tema da morte, aí explorado, já cativou muitos autores, que ele cita e segue em episódios irónicos, acrescentados à sua visão de indivíduo mortal.

A sua complexa relação com os seus pais e irmão é também dissecada de um modo que faz sorrir e pensar. Mas o livro não é uma auto-biografia, declara-nos, pretende sim exorcizar o seu medo do fim.

A questão de Deus não poderia faltar, apesar do ateísmo confessado do autor, que nos faz reflectir com os seus colegas escritores.

Entre toda a ironia, um desfecho trágico: a doença inesperada e morte da sua mulher, pouco depois da publicação do livro.

Nada a temer

” Vocês dizem que eu sou ateu, porque não procuramos Deus da mesma maneira. Ou melhor, vocês acreditam que O encontraram. Eu continuo a procurá-lO. E procurá-lO-ei mais 10 ou 20 anos, se Ele me der vida. Receio não O encontrar, mas continuarei na mesma a procurar. Talvez Ele me agradeça a intenção.”

Transformar

A arte da escrita é um espaço também para mudar os paradigmas. O mundo que temos não nos serve, não nos satisfaz. É um mundo de guerra, de ódio, de violência, ganância, exploração, de esmagamento das massas por um pequeno número de poderosos e gananciosos que não têm valores, que destroem o que há de humanista na nossa cultura.

O sistema bancário precisa de ser alterado, mas os interesses instalados recusam fazer isso. Há muita coisa a transformar e eu faço parte de aqueles que participam como podem na luta para que alguma coisa aconteça e mude para melhor.

Teolinda Gersão