Somos como o narrador na terceira pessoa de um romance. [ …]
É ele que decide e conta, mas não é possível interpelá-lo nem questioná-lo. Não tem nome nem é um personagem, ao contrário do que relata na primeira pessoa; portanto damos-lhe crédito e não desconfiamos dele; não sabemos por que sabe o que sabe e por que omite o que omite e cala o que cala e por que está capacitado para determinar o destino de todas as suas criaturas, e mesmo assim não pomos em dúvida o que diz…
Javier Marías em Berta Isla,